segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Brasil em Portugal (Samba do Pedrinho) - Samba sem fronteiras




LETRA: Quando o avião pousou no Porto Tudo o que eu queria era um fino Essa cidade é uma linda E eu não vou ter que aprender uma outra língua Pedi explicação Pra ir pro Samba do Pedrinho Tu vai de autocarro Ou vai de metro, é rapidinho É mais além, a roda fica ao pé do talho E eu pensei, vai ser difícil pra caralho Chegar nessa roda de samba Refrão: Que lingua é essa iaiá Que eu não percebi Achei que ia me dar bem Mas não entendo nada do que falam aqui Porque aqui em Portugal, é tudo diferente O gajo quando acorda, já come um cacete quente E vai pro Santos, bota a carrinha na autoestrada E o que sobra das portagens, ele gasta em porra recheada Refrão Aqui, estudante paga propina E o professor que ensina tem uma pêra no rosto Ah que bom gosto ele usa sapatilha, ceroula e camisola Que aqui é roupa de macho, não é vestimenta de boiola Refrão Canalha é um montão de puto E se tu não entendeu o assunto o pá, é porque és brasileiro É giro, é fixe, é fogo e é porreiro Ô brazuca não vai chamar vendedor de panela de paneleiro Refrão Aqui, celular é telemóvel E a morena que eu namoro eu chamo de rapariga Ai que intriga, no hospital eu sou utente Eu levo uma pica no cu e saio curado e contente Ai que saudade iaiá do nosso feijão com arroz E de manter uma conversa em que não fiquem me respondendo "Pois!" GLOSSÁRIO:
Fino = Chopp Autocarro = Ônibus Metro = Metrô Ao pé do talho = Perto do Açougue Gajo = Rapaz Cacete = Pão Carrinha = Van Coima = Taxas Portagem = Pedágio Porra Recheada = Churros Propina = mensalidade Sapatilha = Tênis Ceroula = Calça Camisola = Camiseta Canalha = Criançada, pirralho. Puto = Meninos Giro = Bonito Fixe = Legal "É Fogo" = "É F*3@" Porreiro = Muito legal Paneleiro = gay Rapariga = Menina Utente = Paciente Pica no Cú = Injeção na bunda

Paródia - O Menino da Porteira, para trabalhar os substantivos

Substantivos
Obrigado, prof. Marquinhos!!! Que aula!!!






Toda vez que eu estudava um tal de substantivo
A professora falava uns nomes meio esquisitos
Era simples ou composto, derivado ou primitivo
abstrato ou concreto, comum, próprio ou coletivo

Olhava a professora pra conseguir aprender
Ela ia explicando e eu tentava compreender
substantivo composto, duas palavras tem que ter
o substantivo simples, um radical eu vou ver

Foi continuando a aula, enquanto não deu o sinal
o nome que é primitivo é aquele original
derivado tem prefixo ou sufixo no final
comum é pra todo mundo, próprio é especial

Coletivo é o grupo como em constelação
o concreto eu imagino, sendo existente ou não
abstrato é sentimento, qualidade ou ação
Agora ficou mais fácil fazer classificação

Achei que tava acabando, quando ela continuou
Com os uniforme e biforme ela quase me matou
Biforme tem feminino, e masculino, sim senhor!
Uniforme nem varia, e tem três que ela explicou.

Comum-de-dois é o artigo que põe pra diferenciar
Epiceno é pra animar, macho e fêmea vou botar
sobrecomum não varia, fica do jeito que está,
masculino ou feminino, esse nunca vai mudar

Já tava acabando a aula e os plurais ela ensinou
nome que acaba em U, só o S "nós vai" por
Degrau, troféu e chapéu como exemplo ela mostrou
degraus, troféus e chapéus, foi assim que ela falou

Só faz plural com IS se com L terminar.
Pasteis, meis, anzois e geis, é assim que vai ficar.
Se for R, S ou Z, põe ES no final
Gravidezes e adeuses, é assim que vai ficar

Minha mestra foi embora quando a aula acabou
Mas entendi a matéria do jeitinho que ela explicou
Se você tá me estranhando, do jeito que "nóis falou",
seu preconceito linguístico é o que você mostrou.

Nossa língua é muito rica, ela tá sempre mudando
na história, nos lugar, ou onde "nóis tá trabaiando"
Se a coisa não fosse assim, latim "nóis tava falando",
isso é variação linguística, cai no vestiba esse ano!

Funções da linguagem em músicas

Sugestão de músicas para trabalhar as funções da linguagem!



Função apelativa:

Tente outra vez - Raul Seixas







Função referencial:

Eduardo e Mônica - Legião Urbana







Função emotiva:

Eu nasci há 10.000 anos atrás - Raul Seixas

 




  Função metalinguística:

A canção tocou na hora errada - Ana Carolina







Função fática:

Alô, alô, Marciano - Elis Regina







Função poética:

Pra você guardei o amor - Nando Reis e Ana Cañas


Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto

Excelente animação da obra de João Cabral de Melo Neto - Morte e Vida Severina Morte e Vida severina é um livro de poema regionalista e modernista do escritor brasileiro João Cabral de Melo Neto, escrito entre 1954 e 1955 e publicado em 1955.

 A obra narra o sofrimento enfrentado por Severino apresentando um poema dramático que relata a dura trajetória de um migrante sertanejo (retirante) em busca de uma vida mais fácil e favorável na capital pernambucana. O poema é narrativo com seu gênero predominantemente lírico, mas com presença dramática.

Consiste em duas partes: antes de chegar em Recife e depois. Antes de chegar chamamos de caminho ou fuga da morte; e depois em o presépio ou encontro da vida. O poema é feito em redondilha maior (sete sílabas métricas).

 O espaço possui um movimento de deslocamento: o retirante faz a travessia do Agreste para a Caatinga, da Zona da Mata para o Recife, ou seja, sai da serra, mais especificamente da Serra da Costela, e vai para o litoral, para Recife. Durante esse deslocamento em buscas da vida, depara-se com tantas mortes e miséria que pensa em se atirar no rio onde ele se encontrava e apressar a própria morte. A história é narrada em primeira pessoa, pelo personagem Severino e é composta de monólogos e diálogos com outros personagens.



 

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Metade - Oswaldo Montenegro

Metade

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
a outra metade é silêncio
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
pois metade de mim é partida
a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
pois metade de mim é o que ouço
a outra metade é o que calo
Que a minha vontade de ir embora
se transforme na calma e paz que mereço
que a tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
a outra metade um vulcão
Que o medo da solidão se afaste
e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
pois metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o seu silêncio me fale cada vez mais
pois metade de mim é abrigo
a outra metade é cansaço
Que a arte me aponte uma resposta
mesmo que ela mesma não saiba
e que ninguém a tente complicar
pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
pois metade de mim é platéia
a outra metade é canção.
Que a minha loucura seja perdoada
pois metade de mim é amor
e a outra metade também

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Adjetivos pátrios (Morfologia)


ADJETIVOS PÁTRIOS ou GENTÍLICOS são palavras que nomeiam as pessoas conforme o local onde nascem ou vivem. Devem ser escritos com letra minúscula.




ADJETIVOS PÁTRIOS DOS ESTADOS BRASILEIROS

·         Acre – acriano ou acreano
·         Alagoas – alagoano ou alagoense
·         Amapá – amapaense
·         Amazonas – amazonense
·         Bahia – baiano ou baiense
·         Ceará – cearense
·         Distrito Federal – brasiliense
·         Espírito Santo – espírito-santense ou capixaba
·         Goiás – goiano
·         Maranhão – maranhense ou maranhão
·         Mato Grosso – mato-grossense
·         Mato Grosso do Sul – mato-grossense-do-sul ou sul-mato-grossense
·         Minas Gerais – mineiro ou geralista
·         Pará – paraense, paroara ou parauara
·         Paraíba – paraibano
·         Paraná – paranaense, paranista ou tingui
·         Pernambuco – pernambucano
·         Piauí – piauiense ou piauizeiro
·         Rio de Janeiro – fluminense
·         Rio Grande do Norte – rio-grandense-do-norte, norte-rio-grandense ou potiguar
·         Rio Grande do Sul – rio-grandense-do-sul, sul-rio-grandense ou gaúcho
·         Rondônia – rondoniense ou rondoniano
·         Roraima – roraimense
·         Santa Catarina – catarinense, santa-catarinense, catarineta ou barriga-verde
·         São Paulo – paulista ou bandeirante
·         Sergipe – sergipano ou sergipense
·         Tocantins – tocantinense




ADJETIVOS PÁTRIOS DAS CAPITAIS BRASILEIRAS


·         Aracaju (Sergipe) – aracajuano ou aracajuense
·         Belém (Pará) – belenense
·         Belo Horizonte (Minas Gerais) – belo-horizontino
·         Boa Vista (Roraima) – boa-vistense
·         Brasília (Distrito Federal) – brasiliense ou candango
·         Campo Grande (Mato Grosso do Sul) – campo-grandense
·         Cuiabá (Mato Grosso) – cuiabano
·         Curitiba (Paraná) – curitibano
·         Florianópolis (Santa Catarina) – florianopolitano
·         Fortaleza (Ceará) – fortalezense
·         Goiânia (Goiás) – goianiense
·         João Pessoa (Paraíba) – pessoense
·         Macapá (Amapá) – macapaense
·         Maceió (Alagoas) – maceioense
·         Manaus (Amazonas) – manauense, manauara ou baré
·         Natal (Rio Grande do Norte) – natalense ou papa-jerimum
·         Palmas (Tocantins) – palmense
·         Porto Alegre (Rio Grande do Sul) – porto-alegrense
·         Porto Velho (Rondônia) – porto-velhense
·         Recife (Pernambuco) – recifense
·         Rio Branco (Acre) – rio-branquense
·         Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) – carioca
·         Salvador (Bahia) – soteropolitano ou salvadorense
·         São Luís (Maranhão) – são-luisense ou ludovicense
·         São Paulo (São Paulo) – paulistano
·         Teresina (Piauí) – teresinense
·         Vitória (Espírito Santo) – vitoriense







Respeito

Texto sobre o respeito e Questões de interpretação.


E eu com isso?  Aprendendo sobre respeito
Brian Moses e Mike Gordon
Respeito quer dizer muitas coisas. Por exemplo: eu admiro suas boas qualidades, algum dia, quero ser igual a você. Em geral  temos esse sentimento por nossos pais e professores. Respeito também quer dizer atenção e cuidado. A maneira como nossos pais e professores cuidam de nós demonstra que eles nos respeitam. Eles nos estimulam a fazer o melhor que podemos.
Também respeitamos pessoas que não conhecemos, sobre as quais lemos algo ou vemos noticias na televisão. Admiramos essas pessoas pelas coisas importantes que fazem.  Respeito significa outras coisas também...
Ouvir pessoas com opiniões diferentes da nossa, mesmo quando a gente não concorda com elas.
Considerar os sentimentos dos outros para não magoá-los é uma maneira de respeitá-los. Coisas que dizemos de brincadeira podem ferir sentimentos.  Às vezes respeitar é não atrapalhar, não invadir a privacidade das pessoas, por exemplo, porque elas podem querer ficar sozinhas e quietas para pensar, para ler, ou simplesmente para relaxar...
Respeito também significa seguir algumas regras que nos ajudam a conviver uns com os outros. Por isso há regras na escola, como não brincar com tesouras... e não espalhar  tinta pela classe.
Cada lugar tem suas regras por algum motivo. Há regras que devem ser respeitadas nas ruas e nos diferentes lugares aonde a gente vai, como não entrar com animais em padarias e supermercados, ou não andar de skate em certos lugares.
Num acampamento, por exemplo, existe hora de fazer silêncio para que as pessoas possam dormir... não comer na biblioteca... sabe por que não se deve comer na biblioteca? E os animais? Será preciso respeitá-los? Tanto os bichinhos pequenos quanto os grandes e selvagens precisam do nosso respeito. Sabe por quê?
Cuidar dos lugares públicos para que todos possam desfrutá-los é outra forma muito importante de respeitar as pessoas e a nós mesmos.   Quem gosta de ir a um lugar cheio de lixo espalhado pelo chão?  O que você pensa quando você vê um lugar sendo pichado?
Às vezes, quando vamos a uma apresentação, algumas pessoas vaiam, assobiam e gritam, não respeitam quem está se apresentando.
E quando alguém não cuida bem das coisas dos outros nem se importa de estragá-las? O que você acha disso?
Assim como tratamos bem os outros, também queremos que nos tratem bem. Assim como cuidamos dos outros, também gostamos que cuidem de nós. Finalmente há uma forma de respeito muito, muito importante, que você precisa desenvolver: é o auto-respeito. O respeito por si próprio significa um sentimento de satisfação e orgulho pelo que somos e fazemos. Você já sentiu isso?


Responda às perguntas:

1.       O texto fala de várias formas de respeito. Cite duas delas.
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2.       Respeito significa, entre outras coisas, “ouvir pessoas com opiniões diferentes da nossa, mesmo quando a gente não concorda com elas”. Você concorda com isso? Explique o que você pensa.
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3.       Dê exemplos de algumas  coisas que às vezes falamos ou fazemos e que podem ferir os sentimentos dos outros.
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4.       Que tipo de coisa você considera um desrespeito à sua pessoa? O que você sente quando isso acontece?
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5.       Explique o que você entende por “invasão de privacidade”.
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6.      As regras nos ajudam a conviver bem uns com os outros. Crie uma regra para cada um desses lugares:

·         Sala de aula 
·         Sala de Leitura 
·         Rua 
·         Igreja 
·         Pátio da escola 


Convivendo com outras pessoas aprendemos a respeitá-las e a  ser respeitados por elas,
aprendemos a considerar a  vontade delas e a expressar a nossa,
aprendemos a ajudá-las e a receber a sua ajuda. 
Pense com carinho sobre isso!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Açúcar ou Adoçante - Cícero



Açúcar ou adoçante - Cícero Lins

Entra pra ver
Como você deixou o lugar
e o tempo que levou pra arrumar
aquela gaveta
entra pra ver
mas tira o sapato pra entrar
cuidado que eu mudei de lugar
algumas certezas
pra não te magoar
não tem por que
pra ajudar teu analista
desculpa
mas se você quiser
alguém pra amar
ainda
mas se você quiser
alguem pra amar
ainda
hoje não vai dar
não vou estar
te indico alguém
mas fica um pouco mais
que tal mais um café?
ainda lembra disso?
que bom...
mas se você quiser
alguém pra amar
ainda
mas se você quiser
alguém pra anular
ainda
desculpa não vai dar
não vou estar
te indico alguém.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Mochileira - Almir Sater



Mochileira deite comigo essa noite
E conte aquela velha história
De como as noites são claras em Machu Pichu
E os dias dourados na Califórnia
Moça eu não vou precisar ler na sua mão
Pra saber que você não vai voltar
Pra vida maluca das pessoas
Do mundo
Das formigas tentando se esconder da chuva
Pedro saiu numa barca pro Nepal
Vera estava em Amsterdã
Porque não tentar algo mais divertido que casar com executivos
E acabar achando excitante
A reunião semanal da confraria dos amantes
Das delícias da boa velha tecnocracia
Dance mochileira que eu toco a guitarra
Moça eu sei que não é legal
Ficar sozinha quando o velho medo vem
E essa noite em Cuzco é tão fria
Me passe a garrafa de vinho
Sim, eu posso ver
Que os tempos tem sido maus com você
Mas os Deuses eles sabem
Que valeu a pena segurar essa barra
Moça o céu é seu amigo
Enquando durar essa farra
E depois você é mesmo
Do tipo de cigarra
Que canta na chuva
Dance mochileira que eu toco a guitarra.

Tocando em frente - Almir Sater



Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Pequeno perfil de um cidadão comum - Belchior



Era um cidadão comum como esses que se vê na rua
Falava de negócios, ria, via show de mulher nua
Vivia o dia e não o sol, a noite e não a lua
Acordava sempre cedo (era um passarinho urbano)
Embarcava no metrô, o nosso metropolitano...
Era um homem de bons modos:
"Com licença; - Foi engano"
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que caminha para a morte pensando em vencer na vida
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que tem no fim da tarde a sensação
Da missão cumprida
Acreditava em Deus e em outras coisas invisíveis
Dizia sempre sim aos seus senhores infalíveis
Pois é; tendo dinheiro não há coisas impossíveis
Mas o anjo do Senhor (de quem nos fala o Livro Santo)
Desceu do céu pra uma cerveja, junto dele, no seu canto
E a morte o carregou, feito um pacote, no seu manto
Que a terra lhe seja leve

Eduardo e Mônica - Legião Urbana



Eduardo e Mônica - Renato Manfredini Junior

Quem um dia irá dizer que não existe razão
Nas coisas feitas pelo coração
E quem irá dizer que não existe razão
Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade
Como eles disseram
Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse que
É uma festa legal e a gente quer se divertir
Festa estranha, com gente esquisita
Eu não tô legal não aguento mais birita
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto só pensava em ir pra casa
"É quase duas e eu vou me ferrar"
Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver um filme do Godard
Se encontraram então no Parque da Cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo
Eduardo e Mônica era nada parecido
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
De Van Gogh e dos Mutantes
Do Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô
Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda estava no esquema
Escola cinema, clube televisão
E, mesmo com tudo diferente
Veio mesmo de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia
Como tinha de ser
Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro e artesanato e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu a terra a água e o ar
Ele aprendeu a beber deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar
E ela se formou no mesmo mês
Em que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa
Que nem feijão com arroz
Construíram uma casa uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana e seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram
Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo
Tá de recuperação (ah ah ha)
E quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração
E quem ira dizer
Que não existe razão