sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Palavras mais usadas alteradas pela Reforma Ortográfica (2009)

            ANTES                         DEPOIS            
pára (verbo)
para
pêlo (substantivo)
pelo
pêra (substantivo)
pera
pólo (substantivo)
polo
apóio apoio
assembléia assembleia
asteróide asteroide
bóia boia
Coréia Coreia
estréia estreia
européia europeia
geléia geleia
heróico heroico




segunda-feira, 2 de abril de 2018

Descrições fonéticas e fonológicas

Na descrição fonética fazemos a descrição dos fones dentro de colchetes:

[  ]


Na descrição fonológica fazemos a descrição dos fonemas dentro de barras inclinadas:

/   /


Na descrição de arquifonemas utilizamos as letras maiúsculas:

/ E / 

quarta-feira, 28 de março de 2018

Morfema latente ou alomorfe zero (Morfologia)

O morfema latente tem em comum com o morfema zero a ausência da marca. Mas no morfema zero essa ausência representa um significado, em contraste com um morfema aditivo. Já no morfema latente, não indica qualquer categoria.

lápis            funciona isolado e inalterado para indicar singular/ plural

artista          funciona isolado e inalterado para indicar masculino/ feminino


A designação latente provém do fato de que essas significações revelam-se indiretamente no contexto.

Trata-se dos morfemas básicos de plural (-s) e de feminino (-a) que se realizam algumas vezes como zero na qualidade de alomorfes, não traz em si mesmo os contrastes das categorias gramaticais.

terça-feira, 27 de março de 2018

Morfes cumulativos (Morfologia)

Espera-se que a um morfema corresponda apenas um significado, mas nem sempre isso acontece. Nas formas verbais do português há morfes que representam a fusão de dois morfemas. Quando isso ocorre diz-se que é um morfe cumulativo.


Desinências modo-temporais: contêm noções de tempo e modo.

Desinências número-pessoais: contêm noções de número e pessoa.


cantá + sse + mos     

[sse] indica que o verbo está no tempo imperfeito do modo subjuntivo. Assim opõem-se a outros tempos verbais, como canta (va), canta (ria)...

[mos] indica a primeira pessoa do plural. Assim opõem-se a: cantasse(Ø), cantasse(s), cantasse(m)...   



olh + a + Ø + ste 

Concretamente, temos os morfes representativos da raiz
(ou radical primário), da vogal temática e da desinência número-pessoal.
Como podemos observar, não há um morfe que represente o tempo
e o modo. Por outro lado, a desinência [ste], que representa a pessoa e o número, só ocorre nesse tempo verbal. Em vista disso, pode-se atribuir ao segmento [ste] a função de
representar cumulativamente as noções de pessoa e número e de tempo e modo.



Morfema zero (Morfologia)

Há casos em que o morfema se realiza na ausência de um morfe!
Quando a ausência de um morfe corresponde a um significado, chamamos de morfema zero.


    A oposição de gênero se faz para formas marcadas para o feminino pela desinência [a], e de formas não marcadas para o masculino. O que caracteriza o masculino é a ausência de qualquer marca, ou seja, o morfema zero: 


português + Ø   ≠  portugues + a

professor + Ø     ≠   professor + a

guri + Ø              ≠    guri + a



    O plural é marcado pelo [s], e o singular pela ausência significativa de um morfe, ou seja, pelo morfema zero:

caneta +  Ø      ≠   caneta + s

garagem + Ø   ≠    garagen + s



   Nas formas verbais são frequentes as oposições entre formas não marcadas e formas marcadas:

(nós) estud + a + re + mos
(ele)  estud + a + rá + Ø
(tu)    estud + a + Ø + s
(ele)   estud + a + Ø + Ø



   Também nas formas derivadas, o sufixo pode ser interpretado como zero. Exemplos em verbos derivados de flor:

flor + esc + e + r
flor + ej   + a + r
flor + isc  + a + r
flor + e     + a + r
flor + Ø    + i + r    (não contém morfe derivacional)
flor + Ø   +  a + r   (não contém morfe derivacional)



   Embora a raíz seja considerada o morfema básico (nuclear) que dá sustentação a todas as demais formas da mesma família, há vocábulos em que a raiz é representada pelo morfema zero. Em português o artigo definido e o pronome oblíquo átono [o] servem de exemplo:

Ø + o + Ø + Ø = o        
Ø + o + Ø + s  = os           
Ø + Ø + a + Ø = a              
Ø + Ø + a + s = as                
                                                                                                   
-> Historicamente o artigo definido em português é resultado de mudanças sofridas pelos pronomes latinos illu, illos, illa, illas. A evolução deu-se da seguinte forma: 
illu > elo > lo > o      
illas > elas > las > as. 

 Em outras línguas neolatinas a raiz se manteve: il, el, le, les, los, las...




segunda-feira, 26 de março de 2018

Alomorfia (Morfologia)

A realização concreta de um morfema se denomina MORFE, e quando há mais de um morfe para o mesmo morfema, ocorre ALOMORFIA.


Alomorfia na raiz:

lei / legal : [le] - [leg]

cabelo / capilar: [cabel] - [capil]

noite / noturno: [noit] - [not]

ouro / áureo: [our] - [aur]



Alomorfia no prefixo:

ilegal / infeliz: [i] - [in]

aposto / adjunto: [a] - [ad]

subaquático / soterrar: [sub] - [so]



Alomorfia no sufixo:

durável / durabilidade: [vel] - [bil]

cabrito / amorzito: [ito] - [zito]

facílimo / elegantérrimo: [imo] - [érrimo]

livrinho / pauzinho: [inho] - [zinho]



Alomorfia na vogal temática:

corremos / corrido: [e] - [i]

peão / peões: [o] - [e]


menino / menina: [o] - [Ø]

mar / mares: [Ø] - [e]



Alomorfia na desinência de gênero:

menino / avô: [Ø] - [ô]

menina / avó: [a] - [ó]



Alomorfia na desinência de verbos:

cantas / cantaremos: [ra] - [re]

falo / estou: [o] - [ou]

ledes / cortais: [des] - [is]

Forma, Função, Significado e Classe (Morfologia)

(Macambira, 1982)

Forma: Um ou mais fonemas providos de significação.  A conjunção e é uma forma constituída por apenas um fonema, que sob o aspecto semântico exprime a ideia de adição.

A rigor, a forma é um elemento linguístico do qual se abstrai a função e o sentido, mas como observa Saussure "as formas e as funções são solidárias e, para não dizer impossível, difícil é separá-las".


Função: Papel exercido por um dos componentes linguísticos no conjunto em que há interdependência: sujeito (do verbo), objeto direto (do verbo), adjunto adnominal (de um nome), etc...
Essa relação, no entanto, só pode ser definida pela análise. Isto quer dizer que não há função fora do contexto frasal (fora da estrutura).


Ex: tom - a - re - mos

Os constituintes mórficos (morfemas) de tomaremos são 4: [tom] representa o morfema básico ou raiz que se combina com outros morfemas derivacionais ou flexionais: [a] indica a primeira conjugação do verbo em relação à segunda ou terceira; [re] indica o tempo e o modo do verbo (futuro do presente do indicativo) em oposição a outros tempos verbais; [mos] indica a pessoa gramatical e o número.


Sentido: As formas reportam ao sentido, tanto externo à língua (morfemas lexicais) quanto interno (morfemas gramaticais). Lexical é o sentido básico que se repete em todos os membros de um paradigma, como em belo, bela, embelezar, embelezamento, beleza, beldade...Que se concretiza na forma [bel] e cujo sentido pode ser modificado pelos prefixos e sufixos. Gramatical é o sentido que distingue os diversos membros de um paradigma, como singular e plural, masculino e feminino, as pessoas e os tempos verbais.


Classe: As classes de palavras são constituídas com base nas formas que assumem, nas funções que exercem, e eventualmente, no sentido que expressam.
Quando as indicações formais não forem suficientes, usa-se o critério sintático para fazer a classificação dos vocábulos. Neste caso, deve-se buscar na relação das formas linguísticas entre si.


sábado, 17 de março de 2018

Formas Livres, Formas Presas e Formas Dependentes (Morfologia)

Frase para exemplo: Juízes convocam servidoras públicas.
As formas livres aparecem sozinhas no discurso, especialmente como respostas a perguntas. São vocábulos formais que podem ser pronunciados isoladamente e mesmo assim expressam ideias: São considerados palavras. Ex: juízes, convocam, servidoras, públicas.

As formas presas só tem valor (ou funcionam) quando combinadas com outras formas livres ou presas. Em juíze-s, o s é uma unidade formal que indica plural.  Esse sentido só é realizado na relação que a forma s tem com a forma juíze.

Em juízes, distinguem-se duas formas livres (juiz e juízes) e três formas presas (juíze, e, s)




Frase para exemplo: No caderno com arame há três folhas de papel em branco.

No, com, de e em não expressam ideias externas à língua. São, portanto, vocábulos formais, mas não são palavras. Vocábulos átonos (artigos, preposições, algumas conjunções e pronomes oblíquos átonos) que não podem constituir por si só um enunciado são formas dependentes. Ex.: em, o, te, se, quer (conjunção), para (preposição)...
As formas dependentes não se segmentam em outras unidades de sentido, ou sea, são formadas por um único morfema.



Morfes e Morfemas (Morfologia)

Os morfemas constituem as menores unidades formais dotadas de significado. (MONTEIRO, 2002, p. 14)


O Morfema se compõe de um ou vários fonemas, e destes difere, fundamentalmente, pelo fato de apresentar significado. Como é fácil de perceber, isoladamente os fonemas nada significam. Por exemplo: Se pronunciamos /p/ ou /t/, ninguém associa ao som emitido nenhuma ideia. (Gleason Jr, 1978) 

MORFE: Sequência fônica, a que é possível atribuir significado, e que será posteriormente classificado num morfema. 


quarta-feira, 14 de março de 2018

Palavra x Vocábulo (Morfologia)

Designam um conjunto ordenado de fonemas que expressam um significado.

/L/ /U/ /T/ /A/   forma o substantivo LUTA = COMBATE

Se quisermos relacionar o termo luta com outro qualquer (ex.: serpentes), precisamos de um elo ("de"). Podemos atribuir um significado a "luta" e a "serpente", mas não a "DE".

PALAVRA: apenas vocábulos que apresentam significado.
  Menor unidade para a sintaxe, maior unidade para a morfologia.

VOCÁBULO: podem conter significado específico ou não. 
preposições e conjunções: instrumentos gramaticais

     ASSIM:
  TODA PALAVRA É UM VOCÁBULO, MAS NEM TODO VOCÁBULO É UMA PALAVRA! 

Morfologia - O que é?

Morf[o] : do gr Morphe : Forma
logia:       do gr logia: Estudo



Estudo da forma das palavras, tem por objetos:
  • A forma interna das palavras, ou seja, sua estrutura
  • A relação formal entre palavras
  • Os princípios que regem a formação de novas palavras
     Não é consenso entre os especialistas, mas cabe também à morfologia a classificação das palavras. Isso porque além dos critérios formais adotados pela morfologia, é necessário também utilizar-se de critérios semânticos e sintáticos (ex.: canto pode ser substantivo ou verbo, dependendo do sentido em que é empregado).


terça-feira, 13 de março de 2018

Dupla Articulação da Linguagem (Morfologia)

A Dupla Articulação da Linguagem

André Martinet afirma que a linguagem é duplamente articulada. 
(latim) articulus: "parte, subdivisão, membro".

As unidades linguísticas são suscetíveis de serem divididas, segmentadas em unidades menores!

Para Martinet, todo enunciado da língua articula-se em dois planos.

Primeiro plano: divisão do enunciado linguístico em unidades significativas mínimas, os 
      monemas (=morfemas na linguística norte-americana): constituídas de significado e significante. O significado dificilmente pode ser analisado em unidades menores, mas o significante é composto por unidades distintivas mínimas, os... 
Segundo plano: fonemas!



Primeiro plano:
 recontar:    re       con     tar
 reler, retocar, rever         conversar, concordar, contemporizar       estar, pintar, contar

A frase
 Os meninos brincavam pode ser segmentada nos seguintes monemas: o, artigo definido; -s, monema de plural; menin-, radical que conduz ao sentido de garoto/a; -o, monema de masculino; -s, monema de plural; brinc-, radical do verbo brincar; -a, monema que indica que o verbo pertence à primeira conjugação; -va, monema modo-temporal que indica o pretérito imperfeito do indicativo; -m, monema número-pessoal que indica a 3ª pessoa do plural. Da mesma forma como fizemos no exemplo anterior, cada uma dessas unidades pode ser substituída por outra no eixo paradigmático ou só combinar-se com outras no eixo sintagmático.


Segundo plano:
O monema brinc- se articula nos fonemas /b/, /r/, /i/, /n/ e /c/. Nesse plano, as unidades têm apenas valor distintivo. Deste modo, quando se substitui o /b/ do monema brinc- por /t/ se produz um outro radical, trinc-, de trincar, por exemplo.



A dupla articulação da linguagem é um mecanismo de economia linguística. Com poucas dezenas de fonemas, cujas possibilidades de combinação estão longe de ser todas exploradas em cada língua, formam-se milhares de unidades de primeira articulação. Com alguns milhares de unidades de primeira articulação, forma-se um número ilimitado de enunciados. Assim, se precisássemos atribuir um som diferente para cada coisa ou objeto, teríamos que produzir, distinguir e memorizar milhões de sons diferentes, o que é inviável diante da nossa capacidade fonatória, auditiva e da memória.

Eu queria expressar tudo. Pensava, por exemplo, que, se precisava de um pôr-do-sol, devia encontrar a palavra exata para o pôr-do-sol – ou melhor, a mais surpreendente metáfora. Agora cheguei à conclusão (e essa conclusão talvez soe triste) de que não acredito mais na expressão: acredito somente na alusão. Afinal de contas, o que são as palavras? As palavras são símbolos para memórias partilhadas. Se uso uma palavra, então vocês devem ter alguma experiência do que essa palavra representa. Senão a palavra não significa nada para vocês. Acho que podemos apenas aludir, podemos apenas tentar fazer o leitor imaginar. O leitor, se for rápido o suficiente, pode ficar satisfeito com nossa mera alusão a algo (BORGES, 2000, p. 122). 


 Tabela comparativa de definições
   Martinet   
    L. N.A*   
       Exemplos       
monema
morfema
/cant- / /-a / /-va/
lexema
 morfema lexical 
    /cant-/
   morfema
 morfema gramatical 
    /-a/     /-va/

*Linguística norte-americana

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Imbricado

adjetivoEm que há imbricação, superposição: telhado imbricado.[Figurado] Unido tão perfeitamente que se confunde com outro; entrelaçado: um conjunto imbricado do qual nenhum elemento é realmente isolável.[Botânica] Diz-se da parte de planta, de um vegetal, da folha ou do órgão que se apresenta em imbricação.Etimologia (origem da palavra imbricado). Part. de imbricar.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Eu Sou Neguinha? - Vanessa da Mata



Eu tava encostado ali minha guitarra
Num quadrado branco, vídeo papelão
Eu era um enigma, uma interrogação
Olha que coisa
Mas que coisa à toa, boa, boa, boa, boa, boa
Eu tava com graça
Tava por acaso ali, não era nada
Bunda de mulata, muque de peão
Tava em Madureira, tava na Bahia
No Beaubourg, no Bronx, no Brás
E eu, e eu, e eu, e eu
A me perguntar
Eu sou neguinha?

Era uma mensagem
Lia uma mensagem
Parece bobagem mas não era não
Eu não decifrava, eu não conseguia
Mas aquilo ia, e eu ia, e eu ia, e eu ia, e eu ia
Eu me perguntava

Era um gesto hippie, um desenho estranho
Homens trabalhando, para e contramão
E era uma alegria, era uma esperança
Era dança e dança ou não, ou não, ou não, ou não, ou não
Tava perguntado:
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Sou neguinha
Eu sou neguinha?
Sou neguinha

Eu tava rezando ali completamente
Um crente, uma lente, era uma visão
Totalmente terceiro sexo
Totalmente terceiro mundo terceiro milênio
Carne nua, nua, nua, nua, nua, nua
Era tão gozado
Era um trio elétrico, era fantasia
Escola de samba na televisão
Cruz no fim do túnel, beco sem saída
E eu era a saída, melodia, meio-dia, dia, dia, dia
Era o que eu dizia:
Eu sou neguinha?

Mas via outras coisas: via o moço forte
Ea mulher macia den'da escuridão
Via o que é visível, via o que não via
E o que poesia e a profecia não vêem
Mas vêem, vêem, vêem, vêem, vêem
É o que parecia
Que as coisas conversam coisas surpreendentes
Fatalmente erram, acham solução
E que o mesmo signo que eu tento ler e ser
É apenas um possível e o impossível
Em mim, em mil, em mil, em mil, em mil
E a pergunta vinha:
Eu sou neguinha?

Fito

substantivo masculino
Aquilo que se almeja; alvo, objetivo: seu fito era ser famoso.O que é alvo de desejo; intenção, intento, intuito.Etimologia (origem da palavra fito). Forma regressiva de fitar.adjetivoQue permanece olhando fixamente para; fixo, cravado: olhos fitos no céu.[Zoologia] Cuja olha está fixa, parada, falando dos animais.Etimologia (origem da palavra fito). Do latim fictus.

Tipologia Textual

  Devemos ter o cuidado para não confundirmos "tipo textual" com "gênero textual", "forma literária" ou "gênero literário"!!!
  O tipo textual é limitado, tem a ver com a estrutura do texto, o formato padrão dele. Pelas teorias da Linguística Textual correntemente aceitas, são:
  • Narração
  • Descrição
  • Dissertação (explicativa e argumentativa)
  • Injunção

No texto narrativo temos uma estrutura que "conta história". É característico:
  •  Personagem
  •  Espaço (onde)
  •  Tempo (quando? tempo da narrativa?)
  •  Narrador, ou Foco Narrativo (em 1a ou 3a pessoa)
  •  História ou trama (enredo)
  •  Relação de anterioridade e posterioridade
  •  Tempo verbal predominante: passado
        Exemplos de predominância: contos, fábulas, crônicas, piadas, romances, novelas, lendas...



No texto descritivo temos o "retrato verbal". É característico:
  •  Uso abundante de substantivos e adjetivos.
  •  Não há relação de anterioridade e posterioridade
  •  Uso compondo um texto com outro tipo.
         Exemplos de predominância: currículo, cardápio, lista de compras, biografia e autobiografia...



  No texto dissertativo explicativo temos uma análise, interpretação, explicação, e avaliação de dados da realidade. Ou seja, expõe o fato. É característico:
  • Tema: Tempo explorado é o presente
  • Opiniões sobre o fato
  • Postura crítica em relação ao objeto da dissertação
  • Objetividade (conferindo a ele um valor universal)
         Exemplos de predominância: dissertação, editorial, ensaio, artigo científico, seminário, carta do leitor,... 


  No texto dissertativo argumentativo temos uma tentativa de persuasão ao leitor. É característico:
  • Introdução (tese) - Apresentação do que será defendido no decorrer do texto
  • Argumentos (desenvolvimento)
  • Conclusão (o que dá a prova os argumentos)
        Exemplos de predominância: tese, manifestos, cartas-abertas, propaganda eleitoral...



  No texto injuntivo temos a indicação de como realizar uma ação, ou predizer acontecimentos e comportamentos. É característico:

  • Linguagem objetiva e simples
  • Uso de verbos no imperativo (faça), no infinitivo (fazer), presente ou futuro do presente do indicativo (faz e fará)
  • Expressa um pedido, ordem, ou instrução
         Exemplos de predominância: receita culinária, manual de instruções, bulas, regulamentos, leis...




segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Promontório

substantivo masculinoLocal mais elevado; saliência ou elevação.Geografia. Cabo composto por rochas muito elevadas e por penhascos.[Anatomia] Saliência muito pequena que se localiza no lado interior da caixa do tímpano.[Anatomia] Saliência que, através da articulação lombossacral (articulação do sacro com a última vértebra lombar), compõe a bacia.Etimologia (origem da palavra promontório). Do latim promontorium.ii.
Promontório é sinônimo de: elevação, saliência, cabo

domingo, 28 de janeiro de 2018

Bon vivant

substantivo masculinoHomem bem-humorado, alegre, que gosta e sabe aproveitar os prazeres que a vida lhe proporciona: o bon vivant gastou todo o seu patrimônio em festas.adjetivoDiz-se dessa pessoa, de quem aproveita os prazeres da vida.[Gramática] Grafia aportuguesada: bon-vivant.Pronuncia-se: /bom vivan/.Etimologia (origem de bon vivant). Do francês bon vivant.
Bon vivant é sinônimo de: boêmiofolgazão

sábado, 27 de janeiro de 2018

tombadilho

substantivo masculinoA parte mais elevada de um navio, que vai do mastro da mezena até a popa.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Quilha

substantivo femininoMarinha: Parte inferior do navio, que constitui sua coluna vertebral, na qual se apóiam todas as outras peças.Quilha (náutica) na Wikipédia

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Anacronismo

substantivo masculinoFalta contra a cronologia; erro nas datas dos acontecimentos.Erro que consiste em atribuir os costumes de uma época a outra.Coisa retrógrada: o duelo é um anacronismo.Etimologia (origem da palavra anacronismo). Do francês anachronisme; pelo grego anachronismós.
Anacronismo é sinônimo de: assincronismo

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

ab ovo

Ab ovo é uma expressão latina que significa "desde o ovo" (ou seja, "desde o início", "desde a origem").


A expressão tornou-se famosa por ter sido empregada pelo poeta romano Horácio em sua obra Arte Poética, referindo-se a Homero que, ao escrever sobre a destruição de Troia não começou "ab ovo", ou seja, do nascimento lendário de Helena de Troia a partir de um ovo (a mãe dela, Leda, havia se relacionado com Zeus que surgira sob a forma de um cisne), mas sim descreve os acontecimentos no campo de batalha, e no último dos dez anos da Guerra de Troia.
Outra teoria para a origem de "ab ovo" sugere que ela faria parte de uma expressão latina maior, ab ovo usque ad mala (ou "do ovo às maçãs"), que se referia originalmente ao início e fim de um banquete romano (começando pelo antepasto - ovos - e terminando na sobremesa - maçãs).
Todavia, é quase certo que o uso da expressão na literatura vem mesmo da obra de Horácio, como se pode notar, por exemplo, na introdução de "Esaú e Jacó" de Machado de Assis, ou de "Guerra e Paz" de Leon Tolstói.
Na crítica literária a expressão é utilizada para determinar uma história que se inicia no nascimento do personagem principal, em oposição à expressão in media res.

Gêneros textuais: definição e funcionalidade. MARCUSCHI, Luiz Antônio (2002) - artigo

Gêneros textuais: definição e funcionalidade

Luiz Antônio Marcuschi

1. Gêneros textuais como práticas sócio-históricas


Já se tornou trivial a ideia de que os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. No entanto, mesmo apresentando alto poder preditivo e interpretativo das ações humanas em qualquer contexto discursivo, os gêneros não são instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa. Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos. Surgem emparelhados a necessidades e atividades sócio-culturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades anteriores à comunicação escrita.

Quanto a esse último aspecto, uma simples observação histórica do surgimento dos gêneros revela que, numa primeira fase, povos de cultura essencialmente oral desenvolveram um conjunto limitado de gêneros. Após a invenção da escrita alfabética por volta do século VI A. C., multiplicam-se os gêneros, surgindo os típicos da escrita. Numa terceira fase, a partir do século XV, os gêneros expandem-se com o florescimento da cultura impressa para, na fase intermediária de industrialização iniciada no século XVIII, dar início a uma grande ampliação. Hoje, em plena fase da denominada cultura eletrônica, como telefone, o gravador, o rádio, a TV e, particularmente o computador pessoal e sua aplicação mais notável, a internet, presenciamos uma explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na oralidade como na escrita.

Isto é revelador do fato de que os gêneros textuais surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem. Caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e estruturais. São de difícil definição formal, devendo ser contemplados em seus usos e condicionamentos sócio-pragmáticos caracterizados como práticas sócio-discursivas. Quase inúmeros em diversidade de formas, obtêm denominações nem sempre unívocas e, assim como surgem, podem desaparecer.

Esta coletânea traz estudos sobre uma variedade de gêneros textuais relacionados a algum meio de comunicação e analisa-os em suas peculiaridades organizacionais e funcionais, apontando ainda aspectos de interesse para o trabalho em sala de aula. Neste contexto, o presente ensaio caracteriza-se como uma introdução geral à investigação dos gêneros textuais e desenvolve uma bateria de noções que podem servir para a compreensão do problema geral envolvido. Certamente, haveria muitas outras perspectivas de análise e muitos outros caminhos teóricos para a definição e abordagem da questão, mas tanto o exíguo espaço como a finalidade didática desta breve introdução impedem que se façam longas incursões pela bibliografia técnica hoje disponível.


2. Novos gêneros e velhas bases

Como afirmado, não é difícil constatar que nos últimos dois séculos foram as novas tecnologias, em especial as ligadas à área da comunicação, que propiciaram o surgimento de novos gêneros textuais.

Por certo, não são propriamente as tecnologias per se que originam os gêneros e sim a intensidade dos usos dessas tecnologias e suas interferências nas atividades comunicativas diárias. Assim, os grandes suportes tecnológicos da comunicação tais como o rádio, a televisão, o jornal, a revista, a internet, por terem uma presença marcante e grande centralidade nas atividades comunicativas da realidade social que ajudam a criar, vão por sua vez propiciando e abrigando gêneros novos bastante característicos. Daí surgem formas discursivas novas, tais como editoriais, artigos de fundo, notícias, telefonemas, telegramas, telemensagens, teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo, cartas eletrônicas (e-mails), bate-papos virtuais, aulas virtuais e assim por diante.

Seguramente, esses novos gêneros não são inovações absolutas, quais criações ab ovo, sem uma ancoragem em outros gêneros já existentes. O fato já fora notado por Bakhtin [1997] que falava na ‘transmutação’ dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro gerando novos. A tecnologia favorece o surgimento de formas inovadoras, mas não absolutamente novas. Veja-se o caso do telefonema, que apresenta similaridade com a conversação que lhe pré-existe, mas que, pelo canal telefônico, realiza-se com características próprias. Daí a diferença entre uma conversação face-a-face e um telefonema, com as estratégias que lhe são peculiares. O e-mail (correio eletrônico) gera mensagens eletrônicas que têm nas cartas (pessoais, comerciais etc.) e nos bilhetes os seus antecessores. Contudo, as cartas eletrônicas são gêneros novos com identidades próprias, como se verá no estudo sobre gêneros emergentes na mídia virtual.

Aspecto central no caso desses e outros gêneros emergentes é a nova relação que instauram com os usos da linguagem como tal. Em certo sentido, possibilitam a redefinição de alguns aspectos centrais na observação da linguagem em uso como, por exemplo, a relação entre a oralidade e a escrita, desfazendo ainda mais as suas fronteiras. Esses gêneros que emergiram no último século no contexto das mais diversas mídias criam formas comunicativas próprias com um certo hibridismo que desafia as relações entre oralidade e escrita e inviabiliza de forma definitiva a velha visão dicotômica ainda presente em muitos manuais de ensino de língua. Esses gêneros também permitem observar a maior integração entre os vários tipos de semioses: signos verbais, sons, imagens e formas em movimento.

A linguagem dos novos gêneros torna-se cada vez mais plástica, assemelhando-se a uma coreografia e, no caso das publicidades, por exemplo, nota-se uma tendência a servirem-se de maneira sistemática dos formatos de gêneros prévios para objetivos novos. Como certos gêneros já têm um determinado uso e funcionalidade, seu investimento em outro quadro comunicativo e funcional permite enfatizar com mais vigor os novos objetivos.

Quanto a este último aspecto, é bom salientar que embora os gêneros textuais não se caracterizem nem se definam por aspectos formais, sejam eles estruturais ou linguísticos, e sim por aspectos sócio-comunicativos e funcionais, isso não quer dizer que estejamos desprezando a forma. Pois é evidente, como se verá, que em muitos casos são as formas que determinam o gênero e, em outros tantos serão as funções. Contudo, haverá casos em que será o próprio suporte ou o ambiente em que os textos aparecem que determinam o gênero presente. Suponhamos o caso de um determinado texto que aparece numa revista científica e constitui um gênero denominado “artigo científico”; imaginemos agora o mesmo texto publicado num jornal diário e então ele seria um “artigo de divulgação científica”. É claro que há distinções bastante claras quanto aos dois gêneros, mas para a comunidade científica, sob o ponto de vista de suas classificações, um trabalho publicado numa revista científica ou num jornal diário não tem a mesma classificação na hierarquia de valores da produção científica, embora seja o mesmo texto. Assim, num primeiro momento podemos dizer que as expressões “mesmo texto” e “mesmo gênero” não são automaticamente equivalentes, desde que não estejam no mesmo suporte. Estes aspectos sugerem cautela quanto a considerar o predomínio de formas ou funções para a determinação e identificação de um gênero.


3. Definição de tipo e gênero textual


Aspecto teórico e terminológico relevante é a distinção entre duas noções nem sempre analisadas de modo claro na bibliografia pertinente. Trata-se de distinguir entre o que se convencionou chamar de tipo textual, de um lado, e gênero textual, de outro lado. Não vamos aqui nos dedicar à observação da diversidade terminológica existente nesse terreno, pois isso nos desviaria muito dos objetivos da abordagem.

Partimos do pressuposto básico de que é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto. Em outros termos, partimos da ideia de que a comunicação verbal só é possível por algum gênero textual. Essa posição, defendida por Bakhtin (1997) e também por Bronckart (1999) é adotada pela maioria dos autores que tratam a língua em seus aspectos discursivos e enunciativos, e não em suas peculiaridades formais. Esta visão segue uma noção de língua como atividade social, histórica e cognitiva. Privilegia a natureza funcional e interativa e não o aspecto formal e estrutural da língua. Afirma o caráter de indeterminação e ao mesmo tempo de atividade constitutiva da língua, o que equivale a dizer que a língua não é vista como um espelho da realidade, nem como um instrumento de representação dos fatos.

Nesse contexto teórico, a língua é tida como uma forma de ação social e histórica que, ao dizer, também constitui a realidade, sem contudo cair num subjetivismo ou idealismo ingênuo. Fugimos também de um realismo extremalista, mas não nos situamos numa visão subjetivista. Assim, toda a postura teórica aqui desenvolvida insere-se nos quadros da hipótese sócio-interativa da língua. É neste contexto que os gêneros textuais se constituem como ações sócio-discursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo.

Para uma maior compreensão do problema da distinção entre gêneros e tipos textuais sem grande complicação técnica, trazemos a seguir uma definição que permite entender as diferenças com certa facilidade. Essa distinção é fundamental em todo o trabalho com a produção e a compreensão textual.

Entre os autores que defendem uma posição similar à aqui exposta estão Douglas Biber (1988), John
Swales (1990), Jean-Michel Adam (1990), Jean Paul Bronckart (1999). Vejamos aqui uma breve definição das duas noções:

(a) Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. (mais sobre aqui)

(b) Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica.

Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante.

Para uma maior visibilidade, poderíamos elaborar aqui o seguinte quadro sinóptico:

Antes de analisarmos alguns gêneros textuais e algumas questões relativas aos tipos, seria interessante definir mais uma noção que vem sendo usada de maneira um tanto vaga. Trata-se da expressão domínio discursivo.



(c) Usamos a expressão domínio discursivo para designar uma esfera ou instância de produção discursiva ou de atividade humana. Esses domínios não são textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discursos bastante específicos. Do ponto de vista dos domínios, falamos em discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso etc., já que as atividades jurídica, jornalística ou religiosa não abrangem um gênero em particular, mas dão origem a vários deles. Constituem práticas discursivas dentro das quais podemos identificar um conjunto de gêneros textuais que, às vezes, lhe são próprios (em certos casos exclusivos) como práticas ou rotinas comunicativas institucionalizadas.

Veja-se o caso das jaculatórias, novenas e ladainhas, que são gêneros exclusivos do domínio religioso e não aparecem em outros domínios. Tome-se este exemplo de uma jaculatória que parecia extinta, mas é altamente praticada por pessoas religiosas.

Exemplo (1) jaculatória (In: Rezemos o Terço. Aparecida, Editora Santuário, 1977, p.54)

Senhora Aparecida, milagrosa padroeira, sede nossa guia nesta mortal carreira!
Ó Virgem Aparecida, sacrário do redentor, dai à alma desfalecida vosso poder e valor.
Ó Virgem Aparecida, fiel e seguro norte, alcançai-nos graças na vida, favorecei-nos na
Morte!

A jaculatória é um gênero textual que se caracteriza por um conteúdo de grande fervor religioso, estilo laudatório e invocatório (duas sequências injuntivas ligadas na sua formulação imperativa), composição curta com poucos enunciados, voltada para a obtenção de graças ou perdão, a depender da circunstância.

Em relação às observações teóricas acima, deve-se ter o cuidado de não confundir texto e discurso como se fossem a mesma coisa. Embora haja muita discussão a esse respeito, pode-se dizer que texto é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual. Discurso é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva. Assim, o discurso se realiza nos textos. Em outros termos, os textos realizam discursos em situações institucionais, históricas, sociais e ideológicas. Os textos são acontecimentos discursivos para os quais convergem ações linguísticas sociais e cognitivas, segundo Robert de Beaugrande (1997).

Observe-se que a definição dada aos termos aqui utilizados é muito mais operacional do que formal. 

Assim, para a noção de tipo textual predomina a identificação de sequências linguísticas típicas como norteadoras; já para a noção de gênero textual, predominam os critérios de ação prática, circulação sócio-histórica, funcionalidade, conteúdo temático, estilo e composicionalidade, sendo que os domínios discursivos são as grandes esferas da atividade humana em que os textos circulam. 

Importante é perceber que os gêneros não são entidades formais, mas sim entidades comunicativas. 

Gêneros são formas verbais de ação social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades de práticas sociais e em domínios discursivos específicos.


4. Algumas observações sobre os tipos textuais


Em geral, a expressão “tipo de texto”, muito usada nos livros didáticos e no nosso dia-a-dia, é equivocadamente empregada e não designa um tipo, mas sim um gênero de texto. Quando alguém diz, por exemplo, “a carta pessoal é um tipo de texto informal”, ele não está empregando o termo “tipo de texto” de maneira correta e deveria evitar essa forma de falar. Uma carta pessoal que você escreve para sua mãe é um gênero textual, assim como um editorial, horóscopo, receita médica, bula de remédio, poema, piada, conversação casual, entrevista jornalística, artigo científico, resumo de um artigo, prefácio de um livro. É evidente que em todos estes gêneros também se está realizando tipos textuais, podendo ocorrer que o mesmo gênero realize dois ou mais tipos. Assim, um texto é em geral tipologicamente variado (heterogêneo). Veja-se o caso da carta pessoal, que pode conter uma seqüência narrativa (conta uma historinha), uma argumentação (argumenta em função de algo), uma descrição (descreve uma situação) e assim por diante.

Já que mencionamos o caso da carta pessoal, tomemos este breve exemplo de uma carta entre amigos. Aqui foram suprimidos alguns trechos e mudados os nomes e as siglas para não identificação dos atores sociais envolvidos:



Exemplo (2): NELFE-003 – Carta pessoal

É notável a variedade de sequências tipológicas nessa carta pessoal, em que predominam descrições e exposições, o que é muito comum para esse gênero. Não há espaço aqui para maiores detalhes, mas esse modo de análise pode ser desenvolvido com todos os gêneros e, de uma maneira geral, vai-se notar que há uma grande heterogeneidade tipológica nos gêneros textuais.



Portanto, entre as características básicas dos tipos textuais está o fato de eles serem definidos por seus traços linguísticos predominantes. Por isso, um tipo textual é dado por um conjunto de traços que formam uma seqüência e não um texto. A rigor, pode-se dizer que o segredo da coesão textual está precisamente na habilidade demonstrada em fazer essa “costura” ou tessitura das sequências tipológicas como uma armação de base, ou seja, uma malha infra-estrutural do texto. Como tais, os gêneros são uma espécie de armadura comunicativa geral preenchida por sequências tipológicas de base que podem ser bastante heterogêneas mas relacionadas entre si1. Quando se nomeia um certo texto como “narrativo”, “descritivo” ou “argumentativo”, não se está nomeando o gênero e sim o predomínio de um tipo de sequência de base.

Para concluir essas observações sobre os tipos textuais, vejamos a sugestão de Werlich (1973), que propõe uma matriz de critérios, partindo de estruturas linguísticas típicas dos enunciados que formam a base do texto. Werlich toma a base temática do texto representada ou pelo título ou pelo início do texto como adequada à formulação da tipologia. Assim, são desenvolvidas as cinco bases temáticas textuais típicas que darão origem aos tipos textuais (o que foi utilizado acima para a segmentação das sequências observadas na carta acima analisada). Vejamos isto na figura abaixo:

Um elemento central na organização de textos narrativos é a sequência temporal. Já no caso de textos descritivos predominam as sequências de localização. Os textos expositivos apresentam o predomínio de sequências analíticas ou então explicitamente explicativas. Os textos argumentativos se dão pelo predomínio de sequências contrastivas explícitas. Por fim, os textos injuntivos apresentam o predomínio de sequências imperativas.

Tipos textuais segundo Werlich (1973)




Aprender a escrever é aprender a pensar. GARCIA, M. Othon

Aprender a escrever é aprender a pensar

Aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar, aprender a encontrar idéias e a concatená-las, pois, assim como não é possível dar o que não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não aprovisionou. Quando nós, os professores nos limitamos a dar aos alunos temas para redação sem lhes sugerirmos roteiros ou rumos para fontes de idéias, sem, por assim dizer, lhes “fertilizarmos” a mente, o resultado é quase sempre desanimador: um aglomerado de frases desconexas, mal redigidas, mal estruturadas, um acúmulo de palavras que se atropelam sem sentido e sem propósito; frases em que procuram fundir idéias que não tinham ou que foram mal pensadas ou mal digeridas. Não podiam dar o que não tinham, mesmo que dispusessem de palavras-palavras, quer dizer, palavras de dicionário, e de noções razoáveis sobre a estrutura da frase. É que palavras não criam idéias; exatas; se existem, é que, forçosamente, acabam corporificando-se naquelas, desde que se aprenda como associá-las e concatená-las, fundindo-se em moldes frasais adequados. Quando o estudante tem algo a dizer, porque pensou, e pensou com clareza, sua expressão é geralmente satisfatória.

Todos reconhecemos ser ilusão supor – como já dissemos – que se está apto a escrever quando se conhecem as regras gramaticais e suas exceções. Há evidentemente um mínimo de gramática indispensável (grafia, pontuação, um pouco de morfologia e um pouco de sintaxe), mínimo suficiente para permitir que o estudante adquira certos hábitos de estruturação de frases modestas mas claras, coerentes, objetivas. A experiência nos ensina que as falhas mais graves das relações dos nossos colegiais resultam menos das incorreções gramaticais do que da falta de idéias ou da sua má concatenação. Escreve realmente mal o estudante que não tem o que dizer porque não aprendeu a pôr em ordem seu pensamento, e porque não tem o que dizer; não lhe bastam as regrinhas gramaticais, nem mesmo o melhor vocabulário de que possa dispor.

Portanto, é preciso fornecer-lhe os meios de disciplinar o raciocínio, de estimular-lhe o espírito de observação dos fatos e ensiná-los a criar ou aprovisionar idéias: ensinar, enfim, a pensar.

GARCIA, M. Othon. Aprender a escrever é aprender a pensar. In: ______. Comunicação em prosa moderna. 17 ed. Rio de Janeiro: Editora Getúlio Vargas, 1995, p. 291

Cocuruto

substantivo masculinoTopo da cabeça; ponto mais alto da cabeça ao redor do qual estão os cabelos.Calombo; parte inchada e saliente que aparece na superfície do corpo.Vértice; a parte mais alta ou elevada de alguma coisa; o ápice de algo.Etimologia (origem da palavra cocuruto). De origem questionável.
Cocuruto é sinônimo de: alto, ápice, vértice, zénite, sumidade, fastígio, cumeeira, cume, cimo,cimeira, cimalha, cima, calombo