Há casos em que o morfema se realiza na ausência de um morfe!
Quando a ausência de um morfe corresponde a um significado, chamamos de morfema zero.
A oposição de gênero se faz para formas marcadas para o feminino pela desinência [a], e de formas não marcadas para o masculino. O que caracteriza o masculino é a ausência de qualquer marca, ou seja, o morfema zero:
português + Ø ≠ portugues + a
professor + Ø ≠ professor + a
guri + Ø ≠ guri + a
O plural é marcado pelo [s], e o singular pela ausência significativa de um morfe, ou seja, pelo morfema zero:
caneta + Ø ≠ caneta + s
garagem + Ø ≠ garagen + s
Nas formas verbais são frequentes as oposições entre formas não marcadas e formas marcadas:
(nós) estud + a + re + mos
(ele) estud + a + rá + Ø
(tu) estud + a + Ø + s
(ele) estud + a + Ø + Ø
Também nas formas derivadas, o sufixo pode ser interpretado como zero. Exemplos em verbos derivados de flor:
flor + esc + e + r
flor + ej + a + r
flor + isc + a + r
flor + e + a + r
flor + Ø + i + r (não contém morfe derivacional)
flor + Ø + a + r (não contém morfe derivacional)
Embora a raíz seja considerada o morfema básico (nuclear) que dá sustentação a todas as demais formas da mesma família, há vocábulos em que a raiz é representada pelo morfema zero. Em português o artigo definido e o pronome oblíquo átono [o] servem de exemplo:
Ø + o + Ø + Ø = o
Ø + o + Ø + s = os
Ø + Ø + a + Ø = a
Ø + Ø + a + s = as
-> Historicamente o artigo definido em português é resultado de mudanças sofridas pelos pronomes latinos illu, illos, illa, illas. A evolução deu-se da seguinte forma:
illu > elo > lo > o
illas > elas > las > as.
Em outras línguas neolatinas a raiz se manteve: il, el, le, les, los, las...
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