terça-feira, 27 de março de 2018

Morfema zero (Morfologia)

Há casos em que o morfema se realiza na ausência de um morfe!
Quando a ausência de um morfe corresponde a um significado, chamamos de morfema zero.


    A oposição de gênero se faz para formas marcadas para o feminino pela desinência [a], e de formas não marcadas para o masculino. O que caracteriza o masculino é a ausência de qualquer marca, ou seja, o morfema zero: 


português + Ø   ≠  portugues + a

professor + Ø     ≠   professor + a

guri + Ø              ≠    guri + a



    O plural é marcado pelo [s], e o singular pela ausência significativa de um morfe, ou seja, pelo morfema zero:

caneta +  Ø      ≠   caneta + s

garagem + Ø   ≠    garagen + s



   Nas formas verbais são frequentes as oposições entre formas não marcadas e formas marcadas:

(nós) estud + a + re + mos
(ele)  estud + a + rá + Ø
(tu)    estud + a + Ø + s
(ele)   estud + a + Ø + Ø



   Também nas formas derivadas, o sufixo pode ser interpretado como zero. Exemplos em verbos derivados de flor:

flor + esc + e + r
flor + ej   + a + r
flor + isc  + a + r
flor + e     + a + r
flor + Ø    + i + r    (não contém morfe derivacional)
flor + Ø   +  a + r   (não contém morfe derivacional)



   Embora a raíz seja considerada o morfema básico (nuclear) que dá sustentação a todas as demais formas da mesma família, há vocábulos em que a raiz é representada pelo morfema zero. Em português o artigo definido e o pronome oblíquo átono [o] servem de exemplo:

Ø + o + Ø + Ø = o        
Ø + o + Ø + s  = os           
Ø + Ø + a + Ø = a              
Ø + Ø + a + s = as                
                                                                                                   
-> Historicamente o artigo definido em português é resultado de mudanças sofridas pelos pronomes latinos illu, illos, illa, illas. A evolução deu-se da seguinte forma: 
illu > elo > lo > o      
illas > elas > las > as. 

 Em outras línguas neolatinas a raiz se manteve: il, el, le, les, los, las...




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