Desde Aristóteles a linguagem é concebida como instrumento de argumentação, sendo desta, matéria e instrumento. A argumentação ocorre no plano da palavra.
Perelman e Tyteca afirmam não ser a linguagem, simplesmente, um meio de comunicação, mas também um meio de persuadir. Todas as pessoas tem uma ideologia e torna-se inevitável sua manifestação por meio do discurso, pois ele reflete o pensamento do indivíduo.
Segundo Jakobson (1971), todo ato de linguagem tem uma dimensão argumentativa, seja em:
- sentido strito = explícito
- sentido lato = implícito
Todo texto é persuasivo. Para convencer o leitor, produtor do texto faz uso de vários recursos argumentativos que se apoiam nos princípios da lógica formal e nos princípios da lógica da língua.
O texto argumentativo tem o objetivo de fazer crer/fazer fazer. É comum em textos publicitários, peças jurídicas e matérias opinativas, sendo a superestrutura composta das seguintes categorias (nem sempre apresentando todas ou nessa mesma ordem):
TESE (PREMISSAS) - ARGUMENTOS (CONTRA-ARGUMENTOS) - (SÍNTESE) - CONCLUSÃO (= NOVA TESE)
Tese: proposição que se expõe para ser defendida.
Premissa: princípio de um sistema dedutível ou fato reconhecível.
Argumento: Raciocínio pelo qual se tira uma consequência ou dedução.
Contra-argumento: argumento que contradiz o(s) argumento(s) que defende(m) a tese.
Síntese: resumo, exposição abreviada de uma sucessão de acontecimentos ou situações expostas; breve visão global.
Conclusão: ato de concluir uma ideia, um pensamento, término, fim, fechamento. Pode indicar uma nova tese.
O argumento não representa a verdade, mas trata-se de um recurso da linguagem utilizado para levar o outro a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar aquilo como verdadeiro, assim como a ser persuadido, ou seja, a realizar o que é recomendado.
São elementos essenciais na argumentação:
- locutor: o apresentador do discurso
- auditório: a quem se destina a argumentação (alocutário)
- fim: adesão a uma tese ou o acréscimo de intensidade de adesão
Tipos de auditórios:
- Universal: "toda a humanidade"
- Particular: Uma pessoa ou um grupo de pessoas com características em comum
- Constituído pelo próprio locutor: Nos diários e monólogos.
Etimologicamente, convencer significa "vencer junto com o outro", e não vencer contra o outro. Segundo Abreu (2002), "convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando".
Convencer é levar o outro a pensar como nós, o que não significa que fará aquilo que queremos que ele realize. Persuadir é diferente: É levá-lo à realizar o que desejamos que ele faça, ou sensibilizar o outro para que aja. É falar à emoção do outro.
Se um filho entende as recomendações de seus pais de que é importante estudar, sensibilizado racionalmente, houve o convencimento. Ele pode estudar ou não. A persuasão só ocorrerá se ele mudar sua postura, estudando.
Quatro condições para uma argumentação eficaz (Abreu, 2002):
- Ter uma tese definida e conhecer para que tipo de problema ela é resposta;
- Ter uma linguagem adequada para o interlocutor/auditório, ou seja, o emissor necessita adaptar-se às condições intelectuais e sociais do receptor;
- Ter um contato positivo com o auditório, sabendo gerenciar essa relação de forma que haja respeito, bom humor e sinceridade;
- Agir de forma ética, cuidando para que a argumentação não se torne um processo de manipulação.
Documentário de Plínio Marcos sobre a Aids, realizado para presidiários:
Comunicar não é apenas transmitir informações. A teoria da comunicação diz que para que ela haja é preciso seis fatores:
- O emissor (que produz)
- O receptor (a quem é transmitido)
- A mensagem (elemento material, como conjunto de sons)
- O código (sistema linguístico, por exemplo)
- O canal (meios sensoriais ou materiais pelo qual a mensagem é transmitida)
- O referente (assunto abordado, ou conteúdo da mensagem).
No ato comunicativo, há diferença entre comunicação recebida e comunicação assumida. Como comunicar é agir sobre o outro, quando se comunica não se visa somente a que o receptor receba e compreenda a mensagem, mas também que a aceite, ou seja, creia e faça o que nela se propõe.
Não é só o fazer saber, mas também o fazer crer e fazer fazer.
A aceitação depende de uma série de fatores: emoções, sentimentos, valores, ideologia, visão de mundo, convicções políticas, etc.
A argumentatividade está inscrita na própria língua e se faz por meio de mecanismos, conhecidos como marcas linguísticas da enunciação ou da argumentação.
A classe argumentativa
Define-se por uma conclusão e constitui-se de enunciados com conteúdo que apontam para essa conclusão:
Vocês são pessoas competentes. (conclusão)
arg. 1: têm muita experiência
arg. 2: têm boa formação acadêmica
arg. 3: são estudiosos
A escala argumentativa
Quando os enunciados de uma classe se apresentam de forma gradativa (crescente) para uma mesma conclusão.
A festa foi maravilhosa.
arg. + forte: arg. tinha até fogos
arg. tinha música
arg. tinha comes e bebes
Quando a conclusão for negada, os elementos são invertidos:
arg + forte: arg. não tinha comes e bebes
arg. não tinha música
arg. não tinha fotógrafos
Operadores Argumentativos
Denomina certos elementos gramaticais de uma língua que apontam para uma direção, para um sentido, tendo como função mostrar a força argumentativa dos enunciados.
até, até mesmo, mesmo, inclusive etc.
e, também ainda, nem (= e não), não só... mas também, tanto... como, além de... além disso..., a par de... etc.
mais que, menos que, tão...como, tanto... quanto, tal qual, da mesma forma etc.
A argumentatividade está inscrita na própria língua e se faz por meio de mecanismos, conhecidos como marcas linguísticas da enunciação ou da argumentação.
A classe argumentativa
Define-se por uma conclusão e constitui-se de enunciados com conteúdo que apontam para essa conclusão:
Vocês são pessoas competentes. (conclusão)
arg. 1: têm muita experiência
arg. 2: têm boa formação acadêmica
arg. 3: são estudiosos
A escala argumentativa
Quando os enunciados de uma classe se apresentam de forma gradativa (crescente) para uma mesma conclusão.
A festa foi maravilhosa.
arg. + forte: arg. tinha até fogos
arg. tinha música
arg. tinha comes e bebes
Quando a conclusão for negada, os elementos são invertidos:
arg + forte: arg. não tinha comes e bebes
arg. não tinha música
arg. não tinha fotógrafos
Operadores Argumentativos
Denomina certos elementos gramaticais de uma língua que apontam para uma direção, para um sentido, tendo como função mostrar a força argumentativa dos enunciados.
- Operadores que estabelecem a hierarquia dos elementos numa escala, orientando ao sentido da conclusão:
até, até mesmo, mesmo, inclusive etc.
- Operadores que reúnem argumentos direcionadores a uma mesma conclusão, ou seja, pertencem a uma mesma classe argumentativa como:
e, também ainda, nem (= e não), não só... mas também, tanto... como, além de... além disso..., a par de... etc.
- Operadores que introduzem uma conclusão referindo-se a argumentos manifestados em enunciados antepostos como:
portanto, por conseguinte, pois, nem decorrência, consequentemente etc.
- Operadores que constituem relações de comparação entre elementos, direcionando a uma determinada conclusão:
mais que, menos que, tão...como, tanto... quanto, tal qual, da mesma forma etc.
- Operadores que iniciam argumentos alternativos que direcione a conclusões opostas e diferentes:
ou, ou então, quer...quer, seja... seja, ora... etc.
- Operadores que manifestam uma explicação ou justificativa referente ou relacionada ao enunciado apresentado antes como:
porque, que, já que, pois etc.
- Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões adversas como:
mas, porém, contudo, todavia, no entanto, ..., embora, ainda que, posto que, apesar de (que) etc.
- Operadores que têm por função introduzir no enunciado conteúdos pressupostos como:
já, ainda, agora etc.
- Operadores que se manifestam em escalas opostas, ou seja, um funciona numa escala orientada, direcionada para a afirmação total, e outro, numa escala orientada, direciona para a negação total.
Os operadores argumentativos são chamados, às vezes, de palavras denotativas ou denotadoras de inclusão, de exclusão, de retificação etc. Respondem, muitas vezes, pela força argumentativa dos textos.
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